sábado, 26 de novembro de 2022

Jovem que matou duas professoras e uma estudante dentro de escolas é filho de policial militar


 O adolescente de 16 anos, que matou hoje três pessoas — duas professoras e uma aluna de 12 anos — e feriu outras 11 em duas escolas de Aracruz (ES), é filho do tenente da PM Fábio Cunha Castiglioni, que também é psicanalista. Na execução dos ataques criminosos, o assassino usou as armas e o carro do pai. Ele foi apreendido na casa da família.

Imagens feitas por câmeras de segurança registraram o ataque na cidade do litoral norte capixaba, a 81 quilômetros de Vitória, capital do Espírito Santo. O atirador usava macacão e um chapéu camuflados, uma máscara com sorriso de caveira e um cinto preto em volta da cintura, aparentemente preparado para guardar munições. Segundo a polícia, ele planejou o crime por dois anos.

Uma das armas era uma pistola da corporação. A outra, um revólver particular. O veículo usado no crime, um Renault Duster com as placas cobertas, também pertence ao pai do atirador.

Na escola municipal que registrou o primeiro ataque, duas mortes foram confirmadas: a da professora de matemática Cybelle Passos Bezerra Lara, 45, e a da docente da área das artes Maria da Penha Pereira de Melo Banhos, 48.

De acordo com a polícia, diretores e professores já vinham sofrendo ameaças na unidade de ensino. Contudo, ainda não há informações que confirmem que elas tenham partido do adolescente, um ex-aluno da escola —onde sua mãe, hoje aposentada, foi professora.

Após percorrer 1,6 km de carro, o atirador assassinou uma estudante de 12 anos num colégio particular.

Pai compartilhou livro de Hitler

Em seu perfil em uma rede social, o pai do atirador compartilhou uma imagem do livro "Minha Luta" (ou "Mein Kampf, em alemão), escrito em 1923 por Adolf Hitler, no qual o ditador descreve pela primeira vez seus ideais antissemitas. A venda e a circulação da obra é proibida em algumas cidades do país, como ocorre no Rio de Janeiro.

Fazer apologia ao nazismo é crime, conforme a lei nº 9.459/97. A pena prevista é de 2 a 5 anos de reclusão, além de multa. Ler a obra não configura crime.

Como foi a ação

Com uma arma nas mãos, o autor dos disparos arrebentou um cadeado, atravessou o portão do colégio e correu em direção a porta de acesso ao prédio onde ficam as salas de aula. Ele então começa a correr pelos corredores da escola, esticando a arma com frequência, em posição para atirar.

Um dos trechos mostra dois alunos e uma funcionária caminhando por um corredor quando de repente ouvem a ação do atirador. Eles então começam a correr e se separam em busca de refúgio.

Uma outra câmera capturou um aluno correndo para dentro de uma sala de aula vazia, com a mão na barriga. Logo em seguida, o garoto cai no chão, ensanguentado na região do abdômen. Toda a ação do homem no colégio durou pouco menos de dois minutos.

Na escola que registrou o ataque nas câmeras de segurança, uma aluna do 6º ano fundamental acabou morta. Antes disso, em uma escola municipal a apenas 1,6 quilômetros dali, duas professoras foram assassinadas.

Investigação

O suspeito de ser o autor dos disparos, que conseguiu fugir após o segundo ataque, foi apreendido pela polícia no início da tarde. Os tiros foram ouvidos por vizinhos dos colégios.

De acordo com o capitão da PM Sérgio Alexandre, o atirador estava munido de uma pistola e carregadores quando invadiu a primeira unidade de ensino. Ele teria ido diretamente à sala dos professores, onde teria ameaçado profissionais no local e deu início aos disparos.

No Twitter, o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva disse ter tomado conhecimento do caso "com tristeza". "Minha solidariedade aos familiares das vítimas dessa tragédia absurda", escreveu, e prestou apoio ao governador Renato Casagrande (PSB) "na apuração do caso e amparo para as comunidades das duas escolas atingidas".

O governador do Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB), classificou a ação de "covarde" e decretou luto oficial de três dias.

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